quinta-feira, 25 de março de 2010

Ladrão sem sorte.

Uma bela tarde, estava eu a dar uns acordes de guitarra, na esplanada do café mais “mainstream”, ou mais “bem”frequentado de S.Pedro da Cova…Café Pôr-do-sol…
Lembro-me que estava “bem” disposto e a tentar escrever sobre qualquer assunto para uma canção. Às tantas reparei que a GNR, tinha acabado de estacionar o jipe à porta do café…visita de rotina. Entraram, tomaram qualquer coisa e foram à vida deles.
Era uma tarde asolarada e a esplanada estava bem composta, a nível de pessoal da “corda”.
Ao meu lado, estava um amigo que já faleceu. Chamava-se Felix.Já escrevi sobre o Felix neste blog (ver em “mensagens antigas”). Estavamos ambos a disparatar e às gargalhadas quando ele me perguntou:
-Óblá, a polícia chegou, entrou, saiu e eu nem dei por ela…imagina se eu estivesse comprometido!? Porque é que não fazes uma canção tipo senha, para servir de alarme quando “eles”chegarem?
Explodimos novamente à gargalhada….hahahahahahahahahahahahahahahahah!
Felix era um amigo cromo que deixou saudades e não era gajo de estar comprometido.
E eu comecei a escrever um refrão usando frases que ele costumava empregar nas nossas “Conversas da treta”, tipo: “Abriga-te Abelino!”
“Cuidado que eles vêm aí
E não é pra dar nada a ninguém
Cuidado, pôen-te fino, abriga-te Abelino
Cuidado que eles vêm aí…
Entrando, chegou-se à nossa beira outro personagem que eu tenho em grande conta…o Giesta.
Giesta é um fora de serie de grande bagagem e chegou a ter um programa na Radio Club de Gondomar.
Começou a declamar:

“Quando vejo um ladrão sem sorte
A fugir de um “chui” que é bem mais forte
Meto o pé e com uma rasteira
Lá vai o “chui” pela ribanceira…”

Então perguntei-lhe:
-Giesta, foste tu que escreveste esses versos?
-Não! Disse ele.
Estes versos são de uma canção de Luís Cília, que é um artista da geração de Jose Mario Branco. Tenho o disco em casa.

Então começamos a cantar os versos juntamente com o refrão que tinha escrito antes e passamos uma tarde a curtir umas guitarradas.
A canção colou e mesmo admitindo que os versos não eram inteiramente meus, caiu-me no goto, de tal forma que decidi gravá-la.
Só que eu não me ia sentir bem sem dar conhecimento ou pedir o consentimento do autor.
Por intermédio da Sociedade Portuguesa de Autores, tentei entrar em contacto com o luís Cília.Disseram-me para deixar o meu contacto e se o Artista entendesse, ligaria.
Passou algum tempo, até que um dia, sem eu contar, recebi um telefonema do Luís Cília dando-me conta que os versos não eram de sua autoria. Os versos eram de um cantor de intervenção Francês…George Brassens e ele apenas tinha feito a adaptação para Português.
Disse-me que a canção se chama:”La mouvaise reputation”.
Disse-me também que eu estava autorizado a servir-me da canção sem restrições, mesmo sendo a música diferente.
Eu agradeci e fiquei contente com a humildade de Luís Cilia.
Dessa tarde asolarada, eu vim a descobrir Luís Cília e George Brassens.
Num café “bem”afamado também se aprende muita coisa, útil.
Fica aqui a canção e o vídeo possível…
Abraços!

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